No contexto do mental coaching, o tema “pais no desporto” é muito pouco (ou mesmo nada!) falado. Por outro lado, nas ciências do desporto este tema já é falado há muito tempo – precisamente o oposto! Contudo, as ciências do desporto e a psicologia do desporto, mantêm uma abordagem muito limitada e parcial ao trabalho com os pais de atletas, o que deixa os pais limitados e confusos, sempre que precisam de ajuda no apoio ao seu filho atleta.
Apesar da psicologia do desporto já relevar há muito tempo a importância que o envolvimento dos pais tem no desenvolvimento positivo dos jovens atletas, em termos práticos o impacto do trabalho da ciência nos pais de atletas, não está a ser sentido no campo. Desde o apoio emocional, até à logística de transportes, e à presença nos treinos e jogos, os pais desempenham um papel crucial na experiência desportiva dos seus filhos. No entanto, é importante que esse envolvimento seja equilibrado e positivo, promovendo não apenas as performances elevadas, mas também o bem-estar e o desenvolvimento pessoal do jovem atleta.
E esta é a verdade, ainda que não sejam treinadores e não prescrevam treino, os pais impactam direta e indiretamente a performance dos filhos no campo ou na piscina, ou no corte de ténis, etc. Quer queiramos aceitar isto ou não, esta é a realidade. Um pai que fica desiludido com o filho porque ele não nadou bem e deixa de falar com ele, vai levar a que o filho coloque muita pressão em cima dele para que corra bem, pois ele não quer o pai desiludido ou sem falar com ele. Para além da pressão que ele já tem com a modalidade e os fatores inerentes ao desporto competitivo, o atleta ainda tem que lidar com esta camada de pressão. E isso é apenas um exemplo, muito comum, mas um exemplo. Há muitos, muitos mais… Na grande maioria das vezes, os pais estão apenas a tentar (inconscientemente) preencher algum tipo de vazio, dor, trauma ou sofrimento que eles próprios têm (e com o qual os filhos não têm nada a ver), sempre que o filho é bem-sucedido. O problema é quando não é…
E é aqui que os “problemas começam”, porque a verdade é que a abordagem da psicologia do desporto continua a deixar os pais confusos, sem apoio e sem capacidade para lidar com os maus momentos ou as más fases de performance do filho. Os psicólogos do desporto parecem mais preocupados em produzir investigação e publicar artigos científicos, do que em encontrar uma mapa da psique humana mais profundo e rigoroso, que lhes permita intervencionar e trabalhar com os pais para produzir uma transformação sustentável e significativa para o pai e para o filho atleta.
Um outro grande problema dos psicólogos é a forma como “olham” para o pai atleta, e que se mantém muito cognitiva (nada de errado, mas há muito mais do que a inteligência cognitiva!) e cartesiana, tratando os pais mais como objetos do que propriamente seres humanos. Tudo isto limita uma compreensão mais profunda e um trabalho, consequentemente, mais eficiente na intervenção com os pais.
Finalmente, e talvez este seja o maior problema, os psicólogos apesar de produzirem investigação e conhecerem bem “os contornos da ciência” neste campo do apoio parental, ainda não fizeram o trabalho interior deles. Ou seja, se o psicólogo produz apenas investigação, sem “olhar para dentro”, como é que ele pode estar preparado para trabalhar com o pai, receber o pai sem julgamentos, compreender o pai, perceber de onde o pai vem para pensar, agir e reagir de tais formas?
Na minha opinião, os psicólogos do desporto não estão capacitados para trabalhar com os pais (nem com os atletas), porque eles próprios ainda não fizeram o seu trabalho interior. Isto leva a que o psicólogo sempre que se senta para trabalhar com algum pai, ou com algum atleta, se ache num plano superior e mais evoluído do que o do cliente, pelo que recomenda aquilo que acha melhor, sem verdadeiramente ouvir e receber o pai. Isto, para mim, é “trágico”!
Contudo Pai, a sua esperança não está perdida, pois eu tenho um mapa (integral) muito rigoroso da psique humana, estudei dois anos para me tornar coach, faço o meu trabalho interior há muitos anos, e tenho um background sólido nas ciências do desporto, com mestrado e doutoramento. Além disso, já trabalho com pais há uns bons anos, e os resultados são extremamente positivos, e os pais sentem-se eternamente agradecidos por terem trabalhado comigo – tal como os filhos deles.
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